Futuríveis
terça-feira, julho 04, 2006
um museu de arte ou de etnologia?
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No seu discurso inaugural, Chirac disse que "esta nova instituição dedicada às outras culturas será para aqueles que a visitam uma incomparável experiência estética". É exactamente a ênfase na estética, no aspecto formal, na história da arte, que está no cento da discussão: é "um museu de arte ou de etnologia?", interrogou o L"Express.
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Num mundo global, um dos novos desafios é, por exemplo, as identidades múltiplas, afirma Nélia Dias: "Nos museus de etnologia continua a pensar-se em termos de etnia. Por isso, questões como a autoria são irrelevantes. Os anos 80, com a antroplogia pós-moderna, ao questionar-se a autoridade do antropólogo, critica-se a tradição de recolha que põe de lado a dimensão individual e o processo criativo."
Pais de Brito concorda que a antropologia nunca soube interrogar verdadeiramente estes objectos: "Foram ficando ocultos e pouco problematizados nos museus ao mesmo tempo que eram valorizados no mercado da arte."
Um dos principais actores da construção do museu Quai Branly foi o marchand Jacques Kerchache - é dele o termo "artes primeiras" -, que em 1990 publicou no Libération o seu manifesto Para que as obras de arte do mundo inteiro nasçam livres e iguais...
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PUBLICO.PT
O novo Museu do Quai Branly valoriza o aspecto estético das colecções etnográficas de uma forma até aqui nunca vista. É o fim do divórcio entre a abordagem antropológica e a perspectiva da história da arte?
Fora com a arte primitiva, negra, tribal, selvagem ou "primeira". O último termo, quase só usado em França e mais recente, foi mesmo recusado para nomear o novo Museu do Quai Branly aberto a 23 de Junho em Paris, um projecto em que se envolveu pessoalmente o Presidente francês Jacques Chirac. A opção pelo nome identificar só o lugar onde o museu se situa esconde uma polémica que dura há dez anos e que passou também por discussões à volta da morte da própria etnologia (ou antropologia, uma vez que são sinónimos).No seu discurso inaugural, Chirac disse que "esta nova instituição dedicada às outras culturas será para aqueles que a visitam uma incomparável experiência estética". É exactamente a ênfase na estética, no aspecto formal, na história da arte, que está no cento da discussão: é "um museu de arte ou de etnologia?", interrogou o L"Express.
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Num mundo global, um dos novos desafios é, por exemplo, as identidades múltiplas, afirma Nélia Dias: "Nos museus de etnologia continua a pensar-se em termos de etnia. Por isso, questões como a autoria são irrelevantes. Os anos 80, com a antroplogia pós-moderna, ao questionar-se a autoridade do antropólogo, critica-se a tradição de recolha que põe de lado a dimensão individual e o processo criativo."
Pais de Brito concorda que a antropologia nunca soube interrogar verdadeiramente estes objectos: "Foram ficando ocultos e pouco problematizados nos museus ao mesmo tempo que eram valorizados no mercado da arte."
Um dos principais actores da construção do museu Quai Branly foi o marchand Jacques Kerchache - é dele o termo "artes primeiras" -, que em 1990 publicou no Libération o seu manifesto Para que as obras de arte do mundo inteiro nasçam livres e iguais...
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PUBLICO.PT
posted by CMT, 10:16 da manhã