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Futuríveis

terça-feira, julho 04, 2006

um museu de arte ou de etnologia?

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O novo Museu do Quai Branly valoriza o aspecto estético das colecções etnográficas de uma forma até aqui nunca vista. É o fim do divórcio entre a abordagem antropológica e a perspectiva da história da arte?

Fora com a arte primitiva, negra, tribal, selvagem ou "primeira". O último termo, quase só usado em França e mais recente, foi mesmo recusado para nomear o novo Museu do Quai Branly aberto a 23 de Junho em Paris, um projecto em que se envolveu pessoalmente o Presidente francês Jacques Chirac. A opção pelo nome identificar só o lugar onde o museu se situa esconde uma polémica que dura há dez anos e que passou também por discussões à volta da morte da própria etnologia (ou antropologia, uma vez que são sinónimos).
No seu discurso inaugural, Chirac disse que "esta nova instituição dedicada às outras culturas será para aqueles que a visitam uma incomparável experiência estética". É exactamente a ênfase na estética, no aspecto formal, na história da arte, que está no cento da discussão: é "um museu de arte ou de etnologia?", interrogou o L"Express.
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Num mundo global, um dos novos desafios é, por exemplo, as identidades múltiplas, afirma Nélia Dias: "Nos museus de etnologia continua a pensar-se em termos de etnia. Por isso, questões como a autoria são irrelevantes. Os anos 80, com a antroplogia pós-moderna, ao questionar-se a autoridade do antropólogo, critica-se a tradição de recolha que põe de lado a dimensão individual e o processo criativo."
Pais de Brito concorda que a antropologia nunca soube interrogar verdadeiramente estes objectos: "Foram ficando ocultos e pouco problematizados nos museus ao mesmo tempo que eram valorizados no mercado da arte."
Um dos principais actores da construção do museu Quai Branly foi o marchand Jacques Kerchache - é dele o termo "artes primeiras" -, que em 1990 publicou no Libération o seu manifesto Para que as obras de arte do mundo inteiro nasçam livres e iguais...
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PUBLICO.PT

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